Sobre remédio e outras drogas.

5:00 da manhã de domingo, marido trabalhando e eu acordo com dor do lado direito do abdome.

Fiquei na cama enrolando achando que havia dormido em má posição e estava tendo uma cãibra. Depois de 15 minutos e dor se intensificando achei que estava tendo prisão de ventre, e comecei a massagear minha barriga para ver se arrotava ou soltava um pum (ta sei é nojento, mas quem nunca passou por isso que atire a primeira pedra nessa blogueira que vos escreve!), não arrotava e nem soltava um pum... E a dor aumentando e eu respirando como se estivesse em trabalho de parto, esperando marido ir para o posto dele... Até que não aguentei mais e liguei para o posto do meu marido e pedi para que o officer que estava de plantão dar o recado para ele de me ligar assim que possível, dois minutos depois marido liga perguntando o que tinha acontecido e eu disse que estava com muita dor, na verdade eu mal conseguia falar com ele, parecia que estava a beira de ter um bebê, ele desligou para chamar pelo tenente de plantão que precisava cobrir o posto dele.

Ele me liga de volta dizendo que já estava a caminho.

Eu fui até o banheiro dar um jeito na moita porque mesmo com toda aquela dor, sinto muito, mas não queria sair na rua parecendo um espanador... Arrumei o cabelo da melhor forma possível e fui esperar pelo meu marido na sala. Lembrei de colocar o cachorro pra fora porque não sabia a que horas voltaríamos e não queria ver sujeira quando chegasse do hospital.

Marido chega e eu já estava na porta, fui pro carro e nos "picamos" para o hospital, como moro numa cidade pequena e eram 6:00 da manhã chegamos no hospital em menos de 10 minutos. 

Enfermeira me leva para um quarto, e começa os procedimentos padrões, de tirar pressão, perguntar o que estou sentindo, e outra enfermeira aparece para poder colher sangue. Juro pra vocês eu quase dei um soco na cara da enfermeira que estava colhendo sangue, só não fiz porque estava com uma dor que eu não quero pra ninguém. Eu avisei a enfermeira que não dá pra colher meu sangue ou ter qualquer acesso a veias na região do cotovelo na parte interna (isso aconteceu depois de uma internação de uma semana a 10 anos atrás, não sei por que, mas ninguém consegue acessar qualquer veia dessa região), a enfermeira insistiu em me cutucar (pô já to com uma dor da cachorra doida e ainda quer ficar me cutucando, ela foi sortuda que não era meu pai lá, porque ele sim daria um soco na cara dela), por fim achou uma veia no meio do meu antebraço. Vou dizer logo não acho que ela é ruim só porque é aqui nos EUA, já tive muita enfermeira ruim de roda no Brasil, e olha que pra me deixar roxa precisa muito esforço... Mas o pior de tudo foi ve-la entrar em pânico porque eu estava gritando, of course com a dor que eu estava (não sou chorona não, mas ontem não deu!), a outra enfermeira que estava tirando a pressão mandou a segunda sair, porque era visível o pânico dela, incomodou até meu marido... Depois de quase meia hora chega o médico, com cara de "ponte que partiu" eu to quase indo embora e você tinha que aparecer?! Nem me examinou só fez umas perguntas e se "picou", a enfermeira voltou com os remédios, conversou comigo, tentou me acalmar e perguntou de onde eu vinha por conta do meu sotaque. Muito bacana ela. O médico enfia a cara na porta e diz, acho que você tem pedra no rim por isso toda essa dor, mas meu plantão acabou e o médico seguinte vai te dar a devida atenção... Nem preciso dizer que meu marido deu aquela olhada para o médico. Chega o médico que vai assumir o plantão, me examina e diz estar esperando o exame de sangue e urina para poder fazer o CAT Scan (tomografia computadorizada), pois ele queria saber se eu estava grávida ou não.

A dor foi passando e eu ficando meio high, mas estava conversando numa boa, apenas sentindo meu corpo mais leve e com um pequeno formigamento. Médico volta e diz que eu não estou grávida, portanto liberada para a tomografia. Tomografia não demora mais do que 15 minutos e volto para o quarto (as duas técnicas de raio-x foram muito bacanas, uma percebeu meu pequeno incomodo com aquela camisola de hospital e prontamente me ajudou e até ofereceu trazer uma outra camisola mais confortável, que eu dispensei pois sabia que não iria ficar muito mais tempo lá), a dor começa a voltar e a enfermeira me dá uma outra dose de remédio, agora sim caras colegas, vocês vão entender o título desse post.

Ok, no Brasil também tem remédios fortes para dor, mas igual aqui nos EUA eu nunca tomei. Sempre li sobre vicio em medicação para dor que muitos americanos têm, mas nunca entendi o porquê, ontem eu entendi. O que eles chamam de pain killer aqui, de fato, é um assassino de dor literalmente, te faz ficar high, nunca fiquei bêbada e nem drogada, nunca experimentei nenhum tipo de droga (nunca fui curiosa sobre) e não bebo bebida alcoólica de nenhum tipo porque não gosto. Mas ontem fiz minha primeira viagem psicodélica, a primeira dose do remédio foi ok, ta me senti meio aérea, mas nada comprometedor, mas a segunda, cara pálida eu viajei grandão... O médico voltou à sala para discutir o resultado do exame de urina e da tomografia, e eu não consegui ouvir nem a metade do que ele estava falando, apaguei com a boca aberta (naturalmente já faço isso) e o marido tomou conta da situação. 

Sim, é pedra no rim direito, o rim está tentando expelir a pedra e por isso tanta dor! Minha nossa senhora da pedreira, fala sério! Que dor do &*$%#@ Eu não desejo isso pra NINGUÉM!!!!!!!!

Médico me receita algumas medicações e me da alta.

Eu toda grogue, saio do hospital, conversando com meu marido que decidi parar no McDonald's e comprar panquecas por que eu não havia comido nada e por isso estava tão grogue. Ele me deu água que não ficou no meu estômago por 5 minutos, mal deu tempo de parar no estacionamento da CVS e eu vomitei toda a água e mais um pouco. Quando tudo passou, ele entrou na farmácia para comprar as medicações e eu o avisei para não comprar o oxycontin ou oxycodone. Não quero isso nunca mais, a menos que não tenha jeito mesmo. Eu falei com minha irmã pelo telefone misturando inglês com português, e meu corpo parecia que não me pertencia. 
Quando voltamos para casa eu subi a escada para ir ao banheiro e no final me sentei no degrau porque quase não tinha controle do meu corpo, meu marido do lado falando que era assim mesmo, eu por mais duas vezes fui no banheiro vomitar. Meu pet peeve com droga sempre foi esse, nunca quis experimentar porque nunca gostei da sensação de não ter controle sobre o meu corpo. Bebida alcoólica eu não gosto nem do cheiro.
Fomos dormir, acordava de tempos em tempos, uma hora com frio e outra me coçando toda, meu marido sempre falava, vai passar, vai ficar tudo bem, até aumentou a temperatura do heater.

Dormi umas nove horas (raro porque não durmo mais do que seis horas), acordei, coloquei uma pizza no forno e contei pro meu marido como me senti, com as coceiras e o frio, ele disse que era parte do efeito da droga, blah! O médico me receitou Aleve e foi com esse que eu fiquei.
Mas agora que tudo passou, eu estou tomando algumas medicações para expelir a pedra e prevenir infecção, e hoje estou de molho, não pude ir a aula.

Para todas as colegas que ainda não foram medicadas aqui nos EUA, a maneira como eles vendem remédio é diferente do Brasil, primeiramente remédio que necessita de receita não vai ser vendido sem ela nem a pau! Segundo, o remédio vem em uma embalagem de plástico com a exata quantia que devemos tomar. Terceiro, ficar doente nos EUA custa caro, portanto o jeito é ter health insurance e ainda pagar o co-pay. Mas percebi que as medicações são mais baratas, meu insurance cobre a maior parte do valor e com o cartão da CVS sai ainda mais em conta.

Espero que todas tenham uma ótima semana e não façam como eu: BEBAM ÁGUA!!!! 
Não tomo refrigerante, mas também não tomava a quantia de água que meu corpo necessita, mesmo comendo comida com pouco sal ou sódio, eu tomo pouca água e muito leite, daí a pedra no rim! Por favor, tomem água, não quero nenhuma de vocês passando pelo o que eu passei!!!!
Beijos
Pipa